PT.ORG - 11/01/2017 11h14
Justiça é
muita areia pra ‘caçambinha’ de Moraes, critica Aragão
Para ministro da Justiça do governo Dilma, é ‘vergonhoso’ que um
ministro tenha que mentir sobre ter recebido pedido de ajuda para resolver
crise penitenciária
Na avaliação do ministro da Justiça do
governo eleito de Dilma Rousseff, Eugênio
Aragão, o atual ocupante do Ministério, Alexandre de Moraes,
nunca teve condições de ser ministro da Justiça.
Para Aragão, o atual ministro golpista
da Justiça tem “histórico de arbitrariedades”, quando esteve à frente da
Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, e “histórico de conchavos com
setores que são de alto risco para a sociedade, como a facção criminosa
Primeiro Comando da Capital, o PCC”.
“Isso já demonstra claramente qual o
tipo de ator que esse ‘governo’ do Michel Temer buscou para tratar de assuntos
estratégicos do Estado, como são as penitenciárias. O Ministério da Justiça é
muita areia pra caçambinha dele”, declarou.
Qual é a legitimidade do senhor Temer,
um presidente que caiu de paraquedas, que foi um péssimo acidente para o
Brasil, para enfrentar isso?”
Aragão lamentou
a postura de Alexandre de Moraes diante das chacinas ocorridas na primeira
semana de 2017 em penitenciárias no Amazonas e de Roraima, quando mais de 90
presos foram mortos.
Na ocasião, Moraes chegou a dizer que
não recebeu pedido de ajuda de Roraima, mas foi desmentido por um ofício da
governadora Suely Campos (PP), pedindo em novembro o envio da
Força Nacional para auxiliar na segurança de presídios. A ajuda à governadora,
à época, foi negada pelo ministro.
“Nesse episódio
trágico, em que em dois dias morreram 90 brasileiros que estavam sob a custódia
do Estado, é vergonhoso que um ministro da Justiça tenha que mentir para dizer
que ele nunca recebeu qualquer tipo de pedido de ajuda para área penitenciária
e depois a governadora ter que vir a público com o ofício que mandou para ele,
bem como com a resposta dele”, criticou.
Segundo Aragão, o governo golpista de Temer subestimou o risco eminente
nos presídios. E lembrou que o único governo que resolveu enfrentar o problema
do sistema penitenciário no Brasil, e o crime organizado que toma conta dele,
foi o governo do PT, sob o qual foram construídas as penitenciárias federais de
alta segurança.
“Então nós fomos
enfrentando isso com o grande esforço de criar regimes diferenciados para as
lideranças das organizações criminosas, porque você só combate esse sistema se
você isola as lideranças dos demais presos”, apontou.
O Ministério da Justiça é muita areia
pra caçambinha dele”
O ministro da
presidenta Dilma ainda ressaltou que o governo Temer não tem legitimidade para
enfrentar a crise do sistema penitenciário. Isso porque, para resolver
essa crise, é preciso também, na sua avaliação, repensar a privação de
liberdade como única pena.
“Você não pode
sair enchendo o sistema penitenciário com presos, até alguns de baixíssima
periculosidade, porque aquilo não é um saco sem fundo e também não é uma
lixeira de gente. Então tem que ter mais consciência por parte do sistema
judicial como todo que tem que haver algum tipo de seletividade, de
alternativa”, apontou.
Mas para fazer
isso, explicou Aragão, é preciso discutir com o Judiciário e fazer o debate
público sobre o modo como os juízes trabalham.
“Isso mexe com
os brios das corporações. Mas qual é a legitimidade do senhor Temer, um
presidente que caiu de paraquedas, que foi um péssimo acidente para o Brasil,
para enfrentar isso? Como ele vai fazer pressão em cima de alguém se ele não
aguenta uma manifestação? Ele tem medo de manifestante, como ele vai assumir
uma briga com juízes, com promotores?”, questionou Aragão.
De braços cruzados
O atual subprocurador geral da República e professor Adjunto da
Universidade de Brasília (UnB), também criticou a decisão de Alexandre de
Moraes de congelar, assim que assumiu o cargo, todos dos dispêndios do
Ministério da Justiça por 90 dias.
Prova disso é
que, segundo Aragão, o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária
está parado e não foi convocado uma única vez desde que Moraes se tornou
ministro.
“Além de ter
desativado todos os programas do Ministério e congelar todos os dispêndios por
90 dias, Alexandre de Moraes resolveu, agora em dezembro, prorrogar por mais 90
dias. Significa que até abril o Ministério da Justiça está de braços cruzados”,
destacou.
Para Eugênio
Aragão, Michel Temer é a pessoa errada, no local errado e na hora errada.
“Nunca nós
tivemos um vice-presidente da República golpista que usou o cargo para derrubar
o seu titular. Então uma pessoa com esse perfil governar o País em um momento
tão delicado como esse, eu vou dizer com toda sinceridade, é realmente uma
desgraça. O senhor Temer, a cada dia mais, mostra que não tem nenhuma
habilidade para esse cargo e que não tem nem sequer uma equipe que mereça esse
nome”, declarou.
Por
Luana Spinillo, da
Agência PT de Notícias
Texto acima foi extraído desse link:
http://www.pt.org.br/justica-e-muita-areia-pra-cacambinha-de-moraes-critica-aragao/
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